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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Xiitas, Xiismo e Islam

Xiitas, Xiismo e Islam

Um dos cenários mais surpreendentes para os não-muçulmanos e novos muçulmanos é a divisão que podem ver entre muçulmanos xiitas e sunitas. Alguns tendem a ficar confusos quando vêem que cada grupo reivindica estar seguindo o verdadeiro Islã. Para entender verdadeiramente esse assunto de forma profunda, deve-se pesquisar a história primitiva do Islã e ver sob quais circunstâncias essa divisão de fato começou, um estudo muito além do possível para a maioria das pessoas. Outra forma, muito mais no escopo da pessoa comum, é analisar qual grupo é fiel aos ensinamentos do Islã, uma comparação simples pode ser feita entre as crenças e práticas sunitas e xiitas com relação à evidência textual, o Alcorão – a palavra relevada de Deus, e a Sunnah – ou ensinamentos do Profeta Muhammad, que Deus o louve.

Muitas vezes as pessoas vêem essa como uma grande divisão, embora o fato seja que os xiitas perfazem meros 8% da população muçulmana, tendo alcançado esse número depois de assumir o controle de certas regiões políticas importantes na história. Pode-se dizer com confiança que os xiitas não são uma divisão, mas um dos vários grupos dissidentes que deixaram os ensinamentos puros do Islã tradicional. Os sunitas, por outro lado, não são um grupo dissidente, mas meramente se chamam dessa forma para se diferenciarem dos xiitas e outras seitas desviantes.

A palavra “sunita” em si vem do termo “Sunnah”, explicado anteriormente como sendo os ensinamentos do Profeta Muhammad, porque estão estritos em obedecer a esses ensinamentos sem quaisquer introduções, interpolações ou omissões. A palavra xiita (Shi’a em árabe) significa um “partido”, “seita”, “apoiadores” ou um “grupo de indivíduos com o mesmo pensamento”. Deus diz no Alcorão Se dirigindo a Seu Profeta, Muhammad:

“Não és responsável por aqueles que dividem a sua religião e formam seitas, porque sua questão depende só de Deus, o Qual logo os inteirará de tudo quanto houverem feito.” (Alcorão 6:159)

Embora os grupos específicos chamados os xiitas não sejam diretamente intentados nesse versículo, eles fazem parte.

Quando se estuda um pouco de história, se vê que o termo xiita foi primeiro usado entre os muçulmanos em relação à questão política sobre as quais os muçulmanos divergiram, 37 anos depois da morte do Profeta. Embora os xiitas aleguem que sua origem reside naquele cenário, o termo xiita para denotar essa seita específica ocorreu muito depois na história. Em qualquer caso, está claro que o termo não foi ouvido durante o tempo do Profeta e, portanto, podemos dizer que os xiitas eram um grupo que apareceu após a morte do Profeta.

Durante a longa evolução do pensamento xiita, eles incorporaram muitos conceitos estranhos à sua crença. Começando como uma opinião política que favorecia algumas opiniões de Ali, o primo do Profeta, em relação a de outros companheiros, se tornou uma seita contendo idéias estranhas desconhecidas para o Islã. Isso se deveu principalmente ao fato de que essa ideologia foi principalmente adotada por pessoas em áreas distantes dos centros de aprendizado islâmico, nomeadamente a Pérsia, aqueles que ou eram novos no Islã, ou tinham se convertido ao Islã apenas nominalmente e viviam em áreas onde uma grande porcentagem das pessoas permanecia com suas religiões anteriores. Sendo assim os xiitas se tornaram solo fértil para a introdução de idéias externas, que lutaram para incorporar em alguns aspectos e crenças mantidos pelo Islã, resultando em uma seita composta de idéias oriundas do Judaísmo, Zoroastrismo e Islã. Não é de se estranhar então quando vemos que um dos templos mais importantes no Xiismo, visitado por muitos xiitas, é o de Abu Lu’lu’ah, um zoroastriano que morreu depois do califado de Omar, localizado na cidade de Kashã no atual Irã. Muhammad Ali Mu’zi, um pesquisador xiita iraniano na França, afirmou:

“Os fundamentos básicos da religião zoroastriana entraram no Xiismo até nos mínimos detalhes. ... E sua relação marcou a irmandade entre o Xiismo e o Irã Magiano antigo.”[1]

Daremos agora uma breve olhada no Xiismo apenas a partir de um aspecto, o de crenças. A partir desses poucos exemplos se verá claramente o quão diferente ele verdadeiramente é da religião do Islã, trazida pelo Profeta Muhammad.

Existem vários artigos de fé no Islã, e a partir deles derivam outras crenças que devem ser mantidas por todos aqueles se vinculam ao Islã. Elas são mencionadas no versículo:

“...A verdadeira virtude é a de quem crê em Deus, no Dia do Juízo Final, nos anjos, no Livro e nos profetas;...” (Alcorão 2:177)

Isso também é mencionado em uma afirmação do Profeta, que Deus o louve:

“Fé é que creia em Deus, nos anjos, nas escrituras, nos profetas, no Dia do Juízo...” (Saheeh Muslim)

Esse breve discurso tocará meramente em alguns dos vários aspectos da fé, e mencionará apenas algumas das crenças dos xiitas e como diferem do Islã.

Crença em Deus
A crença apropriada sobre Deus, ou credo, é o aspecto mais importante da religião do Islã. Durante os primeiros 13 anos da missão profética de Muhammad, ele corrigiu as crenças do povo sobre Deus e advertiu-os contra adorar a outros ao lado de Deus, sejam eles anjos, profetas, santos, mártires, árvores, pedras, estrelas ou ídolos. Explicou que apenas Deus, Aquele que os criou, era para ser adorado. Poucas legislações e atos de adoração foram revelados para esse período. A maioria do Alcorão em si chama para essa crença. Deus diz no Alcorão que adorar outros ao lado Dele é um pecado merecedor de danação eterna no Inferno:

“A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o fogo infernal!” (Alcorão 5:72)

Essa é uma crença inflexível no Islã e é a base a partir da qual se entra no Islã. Descobrimos, entretanto, que os xiitas acreditam na veneração de outros ao lado de Deus. Deve ser feito reverência aos grandes santos e mártires, como Ali, Hussein, Fátima, seus imames e são feitas súplicas diretamente para eles em tempos de necessidade. Eles acreditam que podem responder suas súplicas e interceder por eles junto a Deus, uma crença que de acordo com o Islã é uma descrença clara[2]. Deus diz:

“Por outra, quem atende o necessitado, quando implora, e liberta do mal e vos designa sucessores na terra? Poderá haver outra divindade em parceria com Deus? Quão pouco meditais!” (Alcorão 27:62)

Outro dogma importante que o Xiismo claramente viola é o conceito de que somente Deus administra os assuntos do universo e somente Ele sabe o que está Oculto. O Xiismo atribui esses poderes a seus líderes, chamados Imames, e os coloca numa posição superior a dos profetas e anjos. Deus diz:

“Dize: Ninguém, além de Deus, conhece o mistério dos céus e da terra. Eles não se apercebem de quando serão ressuscitados.” (Alcorão 27:65)

“E entre os Seus sinais está o de mostrar-vos o relâmpago, provocando temos e esperança, e o de fazer descer a água dos céus, com a qual vivifica a terra depois de haver sido árida. Sabei que nisto há sinais para os sensatos.” (Alcorão 30:24)

Os xiitas dão muitos desses atributos a seus imames. Alguns deles até lhes atribuem o poder de causar o trovão[3].

Em textos autoritativos dos xiitas, é afirmado:

“Os Imames têm conhecimento o que ocorreu no passado e do que ocorrerá no futuro, e nada está oculto deles.” (Al-Kulaini, Al-Kaafi, p.260)

“Os Imames têm conhecimento de todos os livros revelados, independentemente das línguas nas quais foram revelados” (Ibid, p.227)

“Os Imames sabem quando morrerão, e não morrem exceto por sua própria escolha” (Ibid, p.258)

“Tudo na terra pertence aos Imames.” (Ibid, p.407)

Existem muitos aspectos da fé no Xiismo que se opõem ao Islã e que colocam a pessoa fora de sua crença. Devido a essa razão, os muçulmanos não consideram que o Xiismo representa o Islã mas, ao contrário, acreditam que contradiz os verdadeiros fundamentos dos ensinamentos islâmicos.